O preço da ignorância
Submersos na dinâmica universal, na dança de causa e efeito, construímos a história pela ressonância da nossa individualidade. Isso significa que estamos vibrando matéria cósmica com as nossas ações, palavras, emoções e pensamentos e, assim, moldamos a realidade experimentando o retorno do que irradiamos.
Um constante auto estudo vai comprovar que a vida lhe entrega as oportunidades que precisa para crescer. Estamos todos em uma jornada rumo à evolução e as adversidades chegam exatamente no seu ponto de falha. Naquele aspecto, você estava inconsciente e é por isso que percebe o desafio como tal. E enquanto não despertar sobre aquela sua condição, atrairá para si a mesma prova de novo e de novo.
O medo, a tristeza, o ódio, a inveja são chapéus da ignorância. São resultados de um distanciamento da nossa essência autêntica, única e poderosa. Quando o indivíduo desconhece sua individualidade, seus predicados, seu papel na comunidade e o seu propósito de vida, ele se vê enroscado em um emaranhado de confusões mentais e emocionais, perde perspectiva e a oportunidade de transcender sua condição anterior e seguir para o próximo degrau da sua trajetória.
É a ignorância que nos afasta de uma vida serena, útil, realizadora e feliz. Por isso estamos tão deprimidos: falta de consciência daquilo que nos faz humanos e completos.
Por que estamos deprimidos?
Falta de propósito
Você precisa de uma causa para defender. Esse é o seu papel. Seja criar seus filhos com excelência, cultivar valores nobres em si e nos outros ou construir a próxima estação espacial, você tem a missão existencial de usar o seu tempo e recursos para evoluir. Se você desconhece ou se afasta dessa tarefa o corpo sinaliza que você está perdendo sentido. Não há motivação para seguir o dia, não há encantamento e sentimento de realização na rotina. Só dias, horas e minutos cheios de nada; um dorme-acorda automático e desinteressante que rouba o brilho no olhar e o viço da pele.
Falta de senso de contribuição
Precisamos nos sentir necessários. A natureza preserva o indivíduo útil e o injeta uma cota extra de vitalidade para que possa continuar servindo. Quando isso não acontece ficamos perdidos e apáticos. Encontrar oportunidades de sermos úteis às pessoas, comunidades ou causas também nos confere dinamismo e alegria. Ajudar amigos e familiares, ainda que nas coisas mais simples do dia, nos preenche de vida. Fazer voluntariado, contribuir com projetos sociais, ações ambientais, prestar apoio a desconhecidos, são atitudes inteligentes de preservação do nosso entusiasmo pela vida.
Solidão
Esse é o motivo campeão. O descolamento social provoca uma ruptura de sistemas primitivos de preservação da sobrevivência. Quando estamos em grupo, ampliamos as chances de sobrevivência desde os primórdios da condição humana. A química dos nossos corpos incentiva e premia o contato social e a formação de laços de troca e confiança. Sentir-se apartado das comunidades torna o indivíduo suscetível a predadores e intempéries. Ele perde estrutura, alicerce e, pouco a pouco, seca de dentro para fora porque comunicou ao corpo, sistematicamente, que é vulnerável, desnecessário e, até mesmo, desimportante para a sua espécie.
Nossas estruturas sociais atuais, que supervalorizam a prosperidade financeira e o consumo e esquecem-se de cultivar relacionamentos e autoconhecimento, selaram o destino de gerações. Alienadas e apressadas, sentem-se sós em meio a multidões e anestesiam a tristeza consumindo, comendo, se embriagando, preenchendo seus dias e madrugadas trabalhando pelo sonho de outra pessoa, criando avatares de perfeição nas redes sociais, porque tudo o que querem é serem amados, reconhecidos e aceitos.
O preço da ignorância, afinal, é a vida em si; uma existência útil, criativa, bem degustada, atenta, conectada à humanidade e evolucionária. A vida se conquista emancipando-se (leia O Emancipado) dos grilhões da inconsciência e trilhando a jornada como um aprendiz estudioso, ávido pela próxima prova a ser conquistada. Cultivemos essa disposição que nos permite festejar o deflagrar de cada ignorância para, enfim, derramar sobre ela discernimento e seguirmos mais lúcidos e humanos. Sustentados por uma comunidade fraterna, por inimigos e batalhas engrandecedores, pela urgência de contribuir e ofertar e pela vontade inabalável de evoluir, sigamos.